domingo, 17 de julho de 2011

QUEM É CULPADO DA TRAGEDIA DA TAM

Quatro anos se passaram, desde aquela noite de chuva do mês de julho na qual um Airbus A320 da Tam não conseguiu frear na pista molhada do aeroporto de Congonhas,em São Paulo,e foi além,atravessando a Avenida Washington Luis e batendo num prédio do outro lado,onde se incendiou.Morreram 199 pessoas.
Várias hipóteses foram estudadas para explicar porque a aeronave não conseguiu parar
.Inicialmente alguém tentou demonstrar que o Airbus não possuía controles suficientes : houve quem chegou a falar de falhas do equipamento e quem atribuiu o acontecido a falha dos comandantes.Outras versões focaram as condições da pista de Congonhas que havia passado por obras de conserto e estava sendo utilizada há 20 dias, apesar de carecer das ranhuras no asfalto (groving) que ajudam os pilotos a reduzirem a velocidade da aeronave durante a manobra de pouso.Outro motivo sério da dificuldade encontrada pelos comandantes para frear foi atribuído ao fato que a aeronave, que havia decolado de Porto Alegre, onde a Tam não dispunha de uma estrutura para a revisão de aeronaves, estava com um dos dois reversos desativado.Essa situação inutilizava praticamente o uso do reverso operante, reduzindo assim um recurso precioso para frear, ainda mais numa situação de emergência na qual a pista do aeroporto se apresentava particularmente escorregadia.
O problema com o reverso que não funcionava, durante algum tempo, fez parecer viável responsabilizar a manutenção da Tam por permitir que o A320 voasse nessa condição e os comandantes por terem efetuados supostas manobras impróprias para compensarem essa falha, que após ser constatada não deveriam aceitar.
Teoricamente um pouco de cada motivo poderia ter contribuído à tragedia, mas diante da dificuldade para
emitir uma acusação e relativa denúncia , houve uma lunga demora de parte dos investigadores, enquanto os parentes das vitimas reclamavam justamente, à procura de uma definição indispensável para o julgamento e o encerramento do caso.
Surpreendentemente, semana passada, o Ministério Público Federal divulgou uma denúncia criminal contra três executivos não diretamente envolvidos nas ocorrências que se verificaram em Congonhas a partir do momento em que a aeronave da Tam tentou aterrissar.A versão do MPF relaciona a tragédia não a causas  específicas, mas a omissões que - por falta de providências adequadas - permitiram que a aeronave tentasse pousar num aeroporto que não estava em condições ideais,ainda mais com o agravante da chuva. A tese é de que por essas falhas dos executivos o desastre se tornou inevitável.
Assim , foi lembrado que a ex-diretora da Anac, Agência Nacional de Aviação Civil, Maria Ayres Abreu havia aprovado as condições da pista, redigindo até um documento nesse sentido cuja validade foi questionada; que o vice-presidente de Operações da Tam , Alberto Fajerman, que já pertenceu à Varig e era considerado um técnico de gabarito, não teria tomado providências tempestivas para impedir as operações em Congonhas, em vista dos indícios de falhas que acabaram comprometendo o pouso; que da mesma maneira o diretor de Segurança de Voo, Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro, ignorou riscos que não poderia ignorar, na conjuntura técnica adversa agravada pelas condições do tempo.
A denúncia criminal exige agora a defesa dos três executivos, que supostamente deverá enfatizar a existência de versões genéricas, considerando que, menos no caso da diretora Abreu, teria cabido mais a Infraero verificar as condições da pista e à própria Tam a responsabilidade de omissões técnicas,de parte da manutenção e dos tripulantes.Será de competência da 1ª Vara Criminal Federal de São Paulo a sentença de primeira instância,com condenação de 4 anos de detenção,mas aberta a recurso.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário