O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça e a favor da suspensão temporária da compra da Webjet pela Gol. O objetivo é manter as condições atuais de concorrência no setor,com as duas companhias atuando separadas,até a avaliação dos efeitos da aquisição da WebJet sobre os consumidores,as outras companhias aéreas e o mercado de aviação como um todo.
Nesta primeira fase não foi permitida a abolição do nome WebJet, sendo que logo em seguida o dono atual da aérea foi explicito ao declarar que ficaria com a marca, para utilizá-la em atividade da empresa turística CVC,à qual também ele pertence.O Cade não elaborou também a chamada "lista de deveres", pela qual a Gol estava interessada,pois lhe permitiria de operar com a WebJet antes da decisão oficial sobre a fusão, seguindo as normas pré-fixadas.
O órgão antitruste não vê com simpatia a compra da WebJet, pois a união entre a segunda empresa doméstica com a quarta reduz a competição e as opções dos usuários. A imagem de um duopólio entre a Gol e a Tam estaria assumindo feições ainda mais evidentes: a primeira ,depois de adquirir a Varig avança agora na WebJet; a segunda ,enquanto aguarda a autorização das autoridades chilenas para se unir à Lan, já comprou a Pantanal e negocia a aquisição de 31% da Trip. E as duas maiores fizeram investimentos vultosos par reforçar suas frotas com novos e modernos Boeing e Airbus, deixando para a Azul e a Avianca espaço de mercado reduzido, cujo peso nas variações tarifárias é muito pequeno. Se a Gol aplicar uma política de aumentos tarifários, como já foi afirmado, esquecendo suas origens de suposta low fare, teria com certeza o apoio da Tam,com prejuízo pelos usuários dos transportes aéreos.
Os passos que o Cade pretende seguir são de natureza técnica : em primeiro lugar recorreria ao Acordo de Preservação da Reversabilidade da Operação (Apro), pelo qual uma fusão ou aquisição tem seus efeitos suspensos até a decisão final das autoridades, esperando que a proposta seja apresentada pela Gol; ou, ainda, poderia baixar uma medida cautelar, impondo a separação das operações entre Gol e WebJet até o julgamento da fusão.
Outra preocupação do Cade está relacionada com a passagem de numerosos e valiosos slots da WebJet para a Gol, que alterará sensivelmente o equilíbrio conseguido pelas restrições da Anac.O órgão antitruste seria a favor da redistribuição dos slots entre as empresas concorrentes, por se tratar de horários privilegiados de acesso a alguns dos principais aeroportos,mas a Gol - que não escondeu ter concluído a compra da WebJet visando em particular o número e a qualidade dos slots da congenere - afirma que pagou mais caro para ficar com a congênere exatamente pelo valor dos novos horários de pouso e decolagem incluídos no "pacote".
Diante da posição firme do Cade, há quem afirma que o órgão teria preferido que houvesse a consolidação da WebJet, com a entrada de novos capitais, nacionais ou estrangeiros.Houve, há alguns meses, uma sondagem da Ryanair que poderia ter chegado à conclusão e que seria bem-vinda pelo Cade, pois com a aérea européia o Brasil entraria em plena época de low-fares.
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