sábado, 16 de julho de 2011

COMPRA DA WEBJET PELA GOL LEVANTA MUITAS DÚVIDAS

A Gol não costuma abrir o jogo, em suas decisões, como demonstrou quando adquiriu a Varig.Seu objetivo era dispor de uma empresa bem estruturada nos voos para o exterior,para competir com a Tam.Mas não soube enfrentar com a competência necessária os problemas relacionados com as operações na Europa, depois de ter descartado sumariamente os voos para os Estados Unidos.A compra da Varig foi um bom investimento para a VarigLog, que revendeu por US$ 275 milhões à Gol os ativos que em leilão havia pago 20 milhões.
Agora, com a compra da WebJet, Constantino Jr.parece ter entrado em panico, pois teme que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, não aprove o negocio, por considerar-lo contrário aos interesses dos passageiros,enquanto ao tirar de circulação a congênere o mercado terá menos competição tarifária,sendo que a WebJet oferecia preços menores,operando com a aparência de uma low-cost.
Por isso, desde o anúncio da compra, a Gol tem divulgado à imprensa inúmeros comunicados que tem o claro objetivo de tranquilizar congêneres,usuários e, em particular o Cade.Primeiro afirmou que pretendia eliminar o nome WebJet, numa decisão que pareceu inoportuna, antes que a Gol entregasse os papeis às autoridades, para receber a aprovação da fusão,ou conhecer eventuais exigências,sem excluir que o Cade poderia também se pronunciar contra.Na quinta-feira a notícia foi desmentida pela própria Gol, com a informação que o nome WebJet ficaria com o seu proprietário,Guilherme Paulus,que pretendia utiliza-lo na operadora turística CVC, da qual também participa,para "outros serviços relacionados ao turismo".A seguir Constantino Jr. se colocou a disposição da entidade antitruste "para firmar um acordo prévio, detalhando as condições exigidas pelo Cade"" valido até o julgamento final.Disposição essa que evidenciava algum receio.
Fala-se em Brasilia, que a compra não é do agrado do órgão antitruste, ao ponto que teria preferido que a WebJet se entendesse com investidores estrangeiros,permanecendo ativa, ou até que se dedicasse apenas aos voos fretados.
Constantino Jr. fez questão de enfatizar - numa teleconferência da qual participaram acionista e analista estrangeiros,quando lhe foi perguntado quais lições aprendeu com a compra da Varig, para não repetir os mesmos erros na aquisição da WebJet -  que os dois são momentos e compras diferentes, a começar pelo fato que junto com a Varig" havia a obrigação de a Gol operar voos internacionais de longa distância ".Como se, antes da aquisição não soubesse que a Varig era a maior empresa aérea internacional do país.Mas sua explicação não parou aí : disse também que a WebJet tem "melhores índices que os da Varig na época" cujos  funcionários não estavam motivados, pois não recebiam salários,contrariamente aos da WebJet (1.683 em 30 de dezembro de 2010) que "estão motivados e trabalhando".O presidente da Gol fez também uma afirmação que seria valida se ele não soubesse que a WebJet possui uma das mais antigas frotas de Boeing 737-300 do país (24 aeronaves),que tem dado problemas de manutenção e que deverá revender logo, pois não poderão operar com seus Boeing 737-800,"last generation".Ele disse que "uma das razões que o levou a escolher a WebJet foi a sua frota de Boeing", pois tendo a Gol as aeronaves da mesma construtora "haverá uma redução nos custos de manutenção".
O que não é dito, é algo mais simples : a Gol não comprou a Webjet, mas sim seus slots, que lhe permitirão de consolidas seu predomínio nas rotas São Paulo/Belo Horizonte e São Paulo/Curitiba, e de assumir a liderança nos voos que saem de Guarulhos e do aeroporto Santos Dumont,no Rio, para Salvador,Porto Alegre,Brasília e o Galeão. São oito rotas que,em 2010, segundo dados da Anac,transportaram 9,9 milhões de passageiros.A competição com a Tam vai ficar muito apertada,mas ela deverá manter a liderança na Ponte-Aérea (onde em 2010 voaram 3,5 milhões de pessoas)e na rota Congonhas/Brasília (1,7 milhões de pax).
E para encerrar, enquanto a maioria dos analistas não acredita numa "sinergia de R$ 100 milhões" dessa fusão, ainda menos os acionistas estão convencidos de que o pagamento à WebJet de R$ 310,7 milhões,entre cash e liquidação de dívidas, tenha sido um bom negócio : assim falou a Bolsa de Valores de São Paulo, ao registrar a caída de 3,95% das ações, no pregão da última terça-feira.

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