domingo, 10 de julho de 2011

OUTRAS OPINIÕES SOBRA COMPRA DA WEBJET PELA GOL

Na sexta-feira,quando circulou a informação que a Gol estava tratando os últimos detalhes para adquirir a WebJet, com um desembolso de R$ 96 milhões diretamente à empresa e assumindo os outros R$ 214,7 milhões de suas dívidas, nossos comentários foram desfavoráveis ao negócio.A impressão era de que estava se repetindo, numa versão bem pior, a história da compra da Varig. Havia diferenças dignas de nota : a Varig custou à Gol mais de US$ 300 milhões, enquanto pela WebJet a companhia de Constantino Jr. pagará R$ 310 milhões . Mas as dívidas da empresa Riograndense foram excluídas do negócio e a Gol, além de um nome de prestígio, rotas para o mundo inteiro,aeronaves modernas,o programa de milhas Smiles, estava adquirindo uma Varig com a plena capacidade para competir com a Tam e com outras empresas internacionais.Todo mundo sabe o que aconteceu.
Agora, no caso da compra da Webjet, a nosso ver, a Gol adquiriu 24 aeronaves 737 quase obsoletas, rotas que ela já está operando, uma imagem bastante desgastada junto dos usuários, problemas operacionais, atrasos e cancelamentos,inúmeras queixas na Anac e no Procon.De validos, conseguiu apenas os slots nos principais aeroportos do país, que supostamente vão permitir à Gol de aumentar o número de suas frequências, enfrentando a Tam, que ainda lidera as estatísticas dos embarques no mercado doméstico.

Outros, bem diferentes, foram os comentários da maioria dos jornais. Na maioria, seus títulos de primeira página deram enfase ao fato que,com a compra da WebJet  a Gol "acirra concorrência com a Tam" (O Globo)ou que , com a fusão "passagem pode subir" pois a compra "ameaça modelo de baixo custo no país"(Folha de S.Paulo).São duas avaliações discutíveis, pois acrescentando,por hipotese, os 5,16% de participação de mercado da WebJet a Gol ainda ficaria abaixo da Tam ((40,45% contra os atuais 44,43% da rival). De outro lado, o domínio Tam/Gol é evidente ,tendo motivos óbvios ,entre os quais : são duas empresas com aviões modernos , maiores daqueles de sua principal concorrente (a Azul ), tem um número de rotas e de frequências  muito maior ( a WebJet opera, quando pode, 150 voos por dia em apenas 16 cidades do país) .E se é verdade que a WebJet praticava em certas épocas os menores preços do mercado, considerando que a sua política não chegou a criar a imagem de uma empresa low cost, por lhe faltarem aviões adequados, serviços ágeis, rentabilidade na maioria de suas rotas, não será pelo fato de ter sido adquirida pela Gol que as tarifas nacionais subirão de preço ,"pondo fim ao modelo de baixo custo no país", que na realidade nunca existiu de maneira firme,se verificando somente em épocas de baixa estação ,quando a demanda estava muito abaixo da oferta.Problema esse, aliás, que prejudica a rentabilidade de muitos vôos, pois Tam e Gol parecem se preocupar de ocupar espaços no mercado doméstico, esquecendo as implicações que os assentos vazios tem na rentabilidade dos voos.

Resumindo, para a WebJet a venda foi o que seu proprietário, Guilherme Paulus esperava, para acabar de perder na aérea parte dos lucros que tem na empresa de turismo CVC, da qual erradamente cedeu a maioria ao fundo Carlyle.Para a Gol, talvez foi uma reação à compra pela Tam de outras duas empresas menores e de seu code-share com a Trip,sendo como única vantagem de destaque a disponibilidade de mais horários de pouso e decolagem nos aeroportos de Congonhas,Guarulhos,Santos Dumont e Confins, se neles tinha efetivamente uma oferta menor da demanda.Deve ter pesado na decisão da Gol também o acordo que a congênere tenta concluir com a Lan, que formaria a maior empresa do continente.Pelo resto, a começar pela necessidade de se desfazer dos 24 B737 que fazem parte do pacote,a Gol herdará também possíveis problemas com os tripulantes da WebJet, que no passado tiveram contrastes com a empresa pela obrigação de esticar suas jornadas de trabalho além do permitido por lei. Dizem algum analistas, que sendo adquirida pela Gol a WebJet não ficará nas mãos de eventuais empresas estrangeiras interessadas em operar no Brasil , mas na realidade, com a mudança da lei de participação de acionistas do exterior nas empresas aéreas brasileiras (de 29% para 49%) , as interessadas terão a possibilidade de entrar no mercado brasileiro legalmente,como fez a Azul, sem ter que lidar com os inevitáveis problemas de fusão com uma companhia já existente


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