domingo, 19 de fevereiro de 2012

A CLASSE C AINDA NÃO ESTÁ NO PARAÍSO

Aos supostos mais de 100 milhões de integrantes da nova classe C brasileira o tráfego nacional deve supostamente boa parte dos recordes de embarques nos voos domésticos e internacionais, registrados no ano passado.Segundo sociólogos,cronistas e analistas, a política social do governo e a conjuntura econômica favorável,tem permitido aos representantes da classe D o acesso ao nível superior : eles ,segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, representavam em 2005 cerca da metade da população brasileira, com seus de 2 a 4 salários mínimos ganhos mensalmente.A mudança ocorreu em 2010/2011, quando cerca de 45 milhões deles teriam pulado para a classe C e um 10%, testando proximos dos 10 salários mínimos, teriam conseguido participar dos fluxos turísticos, aumentando a demanda por viagens aéreas, no Brasil ou para o exterior.
Os entendidos de psicologia afirmam que os desejos humanos tendem a crescer, numa quase permanente tensão para mais conquistas.Mais alcançam e mais desejam.Isso explicaria o número de embarques atribuídos à classe C, que incluem talvez milhares de pessoas cuja situação financeira ainda não havia chegado ao nível necessário para pagar viagens aéreas para Nova York e para enfrentar gastos que, na média,teriam chegado a US$ 5 mil per capita.
Nessas circunstâncias, o recurso ao crédito era indispensável.E se a verba necessária veio com o auxílio do cartão de crédito,isso explicaria boa parte do 7,5% de inadimplências registradas neste começo de 2012:de fato seriam "mais de 50%" as famílias brasileiras que,segundo a Confederação Nacional de Comércio de Bens,Serviços e Turismo ,tem algum tipo de dívida.Esses compromissos financeiros podem estar onerando pesadamente os balanços familiares, pois com uma taxa de juros média dos cartões de crédito que em 2011 chegou a 10,7% ao mês,qualquer parcelamento saiu muito caro.Por exemplo,uma passagem aérea cujo preço seja R$ 2.000, se parcelada em 6 meses custou R$ 3.680,chegando a R$ 6.773 se em 12 meses,ou a nada menos que R$ 22.938 se o pagamento de seu valor fosse realizado em 24 meses.
Moral desta fábula, que para muitos integrantes da nova classe C é uma realidade:foi muito bom desfazer a pirâmide, que colocava na base a grande maioria dos cidadãos das classes D e E,hoje substituídos por eles,da classe C.Mas vamos devagar,para evitar que o peso das dívidas estrague os tão desejados e merecidos prazeres,afinal conquistados.O acesso ao paraíso dos consumos exige também sacrifícios.

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