OS 'POBRES' RICOS ITALIANOS

Na tentativa de salvar a Itália, que deve pouco menos de 2 trilhões de euros aos bancos internacionais, o primeiro ministro Mario Monti,sucessor forçado do catastrófico Berlusconi, tem lançado há algumas semanas, com a aprovação do presidente da República e dos partidos,um plano de emergência, que exige sacrifícios de todos, sendo particularmente oneroso para aposentados e trabalhadores.Houveram e ainda há reações dos sindicatos, com manifestações em praça pública, e na ocasião foi levantado a delicado tema de justiça social, pois no país há gente muito rica que ganha ou ganhou fortunas e ha milhões de desempregados e de aposentados que vivem com dificuldades.Sem contar os deputados ,cujo salários em volta de 16 mil euros ao mês são uma afronta para quem recebe salários e pensões menores de 100 euros .
Em particular foi enfatizado, que se o governo anterior conseguiu recuperar cerca de 13 bilhões de euros de sonegadores,pelos cálculos dos técnicos financeiros o montante da evasão tributária estaria em volta de 120 bilhões.Cerca de quatro vezes o valor do plano de emergência proposto pelo ministro Monti ao país.
Diante de este absurdo,a necessidade de obrigar quem rouba ao erário público a pagar sua dívida com o país, fez a "Guarda de Finança" armar algumas incertas em localidades à moda, que por ocasião das festas de fim de ano estavam lotadas de gente com dinheiro bastante para cobrir despesas elevadas.Uma dessa foi Cortina d'Ampezzo, localidade de esportes invernais frequentada pelos mais ricos.Nela os "financeiros"inspecionaram 251 carros de luxo que estavam estacionando na cidade e descobriram que 42 deles pertenciam a pessoas que haviam declarado rendas anuais inferiores a 30 mil euros e que 16 outros eram de famílias que,também, com rendas declaradas de 50 mil euros nunca poderiam ter adquirido e estar utilizando as Ferrari ,BMV e outras marcas de carros cujo preço de venda é várias vezes mais elevado.
Moral da fábula, que promete um desenvolvimento sensacional por representar a primeira verdadeira ofensiva do governo contra os que sonegam impostos : a guerra foi declarada e conta com o apoio de dezenas de milhões de italianos , pois a evasão tributária é um habito que vem de longe e parece ser uma especialidade local - apesar de existirem outros exemplos em vários países - que se for combatido com seriedade animará todos a aceitarem as cotas de sacrifícios que lhe foram impostas.Um exemplo de luta contra o capital desqualificado,que já tem seguidores até nos Estados Unidos, onde no passado figurões locais foram presos e condenados exatamente por evadirem o pagamento de impostos.Uma iniciativa que vale mais de toda conversa sobre justiça social, pois - no Brasil por exemplo- se todos pagassem o imposto de renda proporcional a seus lucros, as enormes taxas que encarecem quase todos os produtos vendidos no país poderiam ser reduzidas,aliviando as despesas de quem recebe salários modestos.