terça-feira, 16 de agosto de 2011

LEMBRANDO O CASO DE UM "VELHO" COMPANHEIRO DE TRABALHO

Nelson Pereira Ribeiro,do Aprus, nos transmitiu um texto que lembra um caro amigo dele e evidencia os tortuosos caminhos de nossos destinos.O transcrevemos com prazer.
Ao receber a notícia do falecimento  de M/V Gonçalves,que ocorreu no passado dia 2 de agosto, Ribeiro lembrou o episódio ocorrido quando era controlador da Escala de voo da Varig, num 27 de novembro "dos idos de 1962", assumindo o seu turno de serviço a partir das 18 horas.Naquela época a Varig ainda não voava para a Europa,mas todos os voos internacionais já estavam fechados,com as sua tripulações todas confirmadas "exceto o 810,B707,Gig/Lim/Lax,isto porque o M/V (mecânico de voo)escalado, Nunhufer, base Poa,não havia se apresentado no Rio de Janeiro para efetuar o voo. Ele estava previsto vir Poa/Rio no voo 100 e segundo relato do colega que me passava o serviço, ele não tinha vindo", escreveu Ribeiro. Após informar que ,apesar de difícil, conseguiu contatar por telefone a escala de Poa e soube que "ele tinha vindo fazer o voo,mas não sabiam de que maneira ,pois não havia embarcado no voo 100 como era de praxe", decidiu escalar outro.Ele escreve:
"Diante disto acionei o M/V de prontidão que era M/V Gonçalves.Este era um dos mais antigos na senioridade de M/Vs da empresa,morava no Rio e um dos poucos que tinha telefone em casa.Diante da emergência liguei para ele e o coloquei "stand-by" para fazer o voo,e ele de pronto confirmou, ficando muito feliz por se tratar de fim do mês,e una ida noturna a Los Angeles garantiria um bom somatório nas suas horas extras. O voo,se não me engano, decolava às 23 horas e isto já era por volta das 19 horas e o "véio" Gonçalves insistia para que eu tomasse logo uma decisão pois tinha que se preparar para a jornada.Ao redor de 20 horas me telefonam do Galeão, do Despacho de Tripulantes,dizendo que o M/V Nunhofer já estava lá, cerca de três horas antes da decolagem,se apresentando para o voo,e ao falar comigo disse-me que havia vindo via São Paulo e tinha avisado a escala de Poa,só quem estava lá em Poa à tarde,não avisou-nos.Diante disso confirmei ele no seu voo de escala fixa e telefonei novamente para Gonçalves liberando-o da programação,sendo a  reação dele de muito aborrecimento, alegando,principalmente,o prejuízo financeiro que ele teria ,inclusive ameaçando-me de comunicar à chefia esta minha decisão, na ótica dele errada.Tudo bem,à meia noite encerrei o meu turno,com serviço 100%,voos previstos decolando e com os voos da manhã todos "checados",indo para casa,pois no dia seguinte assumiria na Escala o turno das 12 horas.

Ao chegar na Varig no outro dia deparo no setor um tumulto muito grande,inclusive lá estava M/V Gonçalves que a me ver,com os olhos cheios de lágrimas,agradecia de eu ter tomado a decisão de não colocá-lo no voo 100 e que seria eternamente grato a mim,como sempre foi durante estes quase 50 anos passados,isto porque o PP-V JB,avião do voo 810, havia se acidentado na chegada a Lima e não havia sobreviventes.
Ontem,recebo a notícia triste do falecimento do amigo "véio" Gonçalves,acho eu que beirando os 90 anos (ou mais), mas feliz porque, indiretamente,fui o responsável pela sobrevivência dele durante estes anos todos.
Descanse em paz, amigo "véio", porque nos continuaremos,enquanto pudermos,trabalhando pela nossa vitória junto ao Aerus.
 Nelson Pereira Ribeiro / Aprus                                                                Rio, 3 de agosto de 2011

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