sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ESTATÍSTICAS NACIONAIS EM CONFLITO

Para justificar a sua resistência ao aumento salarial solicitado por aeronautas e aeroviários,o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas tem divulgado um "Comunicado aos passageiros das empresas aéreas"no qual,além de afirmar que "desde 2005,as duas categorias receberam ajustes salariais que superaram a inflação,alcançando ganhos reais de 8,27%",assinala os efeitos negativos da instabilidade da economia internacional sobre os transportes aéreos,que teriam causado nos últimos seis meses prejuízos às principais empresas brasileiras superiores a RS 1 bilhão.E enfatiza que de acordo com a Anac,de 2001 a 2010 "o valor médio da tarifa aérea caiu de R$ 477,23 para R$ 290,53,uma redução de 39%".
Cinco dias mais tarde,em 26 de dezembro, apareceu no jornal "Valor Econômico" um artigo sobre a conjuntura do país, com este título em 4 colunas :"Passagem aérea sobe 56% e lidera ranking inflacionário".No texto,com 56% de aumento o avião (passagens aéreas) é o primeiro dos 15 itens que entre janeiro e novembro tiveram maior alta dentro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo,IPCA. A seguir vem gêneros alimentares que vão da mandioca ao fubá.De outro lado,entre os 15 itens com maior queda no mesmo período,junto com verduras e frutas várias,se encontram televisores (-22,8%),aparelhos de DVD (- 11,2%) e microcomputadores (- 9,4%).
Em seus comentários o jornal assinala que após um longo período de forte competição entre companhias aéreas, que pressionou a redução nos preços das passagens, "os bilhetes estão retornando a seu patamar",pois a competição "estava causando problemas financeiros para essas empresas,que neste ano estão recuperando seus preços".Um economista opinou a esse respeito que "a passagem aérea deve continuar figurando entre as maiores variações positivas no IPCA ao longo de próximo ano".
Para o leitor comum, que evidentemente está preocupado mais com o aumento do preço de gêneros alimentares, o fato que com o aumento de 56,1% a indústria de transportes aéreos tentou este ano se recuperar das quedas de respectivamente 4,14% e 10,22% registradas no IPCA de 2009 e 2010,
parecem contrastar com as perdas de mais de um bilhão de reais atribuídas em grande parte à Gol e à Tam .De fato, tarifas mais elevadas e índices de aproveitamento acima de 70% deveriam ter produzido resultados positivos para as empresas aéreas, se suas políticas comerciais obedeceram a normas elementares,baseadas na administração dos custos.E se houve perdas contábeis causadas pela valorização do dólar no país,não parece justo que elas afetem os salários.

Nenhum comentário:

Postar um comentário