sábado, 2 de abril de 2011

A VERDADE,TODA A VERDADE

Já fazem cinco anos que o caso é empurrado para frente , de um lado pelos pilotos americanos Joseph  Lepore e Jan Paladino, do outro pelas outras personagens envolvidas , a saber : os donos do Legacy,a Gol, os investigadores, os controladores do tráfego aéreo, as seguradoras.Ninguém está totalmente isento de suspeitas, e quer assumir a responsabilidade da colisão a 36.000 metros de altura entre o jatinho fabricado no Brasil e o Boeing da Gol, que além de causar a morte de 154 pessoas fez precipitar o avião maior e,por milagre, salvou o Legacy e seus ocupantes, permitindo que o avião aterrissasse na selva.E a investigação foi concluída entre muitas dúvidas,sendo que além da tragédia que matou todos os passageiros e tripulantes, nada está firmemente comprovado e permite determinar quem foi o responsável principal do desastre.
No dia 30 e 31 de março os dois pilotos foram interrogados numa videoconferência pelo juiz Murilo Mendes, mas nada de novo foi apurado em relação ao funcionamento dos transponder e do equipamento anticolisão em dotação no Legacy : segundo a acusação brasileira esse sistema, que poderia ter evitado a colisão, estava apagado, por culpa dos dois pilotos, que " o manusearam de forma errada". E o debate foi em volta da frase "o TCAS está desligado", pronunciada por Lepore após a colisão.O piloto afirma que ele apenas quis salientar que "nada no painel indicava alguma anormalidade", enquanto para a acusação a frase confirmaria que os dois pilotos deixaram de ligar o transponder. Aliás, na audiência os dois levantaram a suspeita de que o sistema estivesse com defeito, não funcionando desde o momento da decolagem.
Nada de novo foi apurado nessa última audiência e por isso o Público Ministério manteve a acusação contra
Lepore e Paladino, que  poderão ser condenados à reclusão de dois a cinco anos,da mesma maneira que os dois controladores de voo de Brasília, que acompanharam impropriamente o voo até o acidente.A maior acusação contra eles está relacionada com a demonstrada incapacidade de se entenderem com os pilotos americanos, quando o Legacy sobrevoava Brasília à mesma altura mas em sentido oposto aquele do Boeing da Gol.O desastre revelou que havia controladores que não conheciam o idioma inglês, para poder se comunicar com as aeronaves estrangeiras que voavam na rota : isso  motivou medidas de emergência de parte do Ministério da Aeronáutica, que além de afastar alguns controladores passou a exigir que o número deles fosse aumentado nas torres que vigiam o tráfego aéreo, e que só fossem admitidos os candidatos com conhecimentos básicos de inglês.
Entretanto todo o processo burocrático continua no stand-by : as famílias não receberam da Gol e do seguro as indenizações de direito; o desastre não foi esclarecido ao ponto de excluir alguma responsabilidade da empresa brasileira; os controladores indiciados aguardam a sentença ; os dois pilotos americanos não conseguiram demonstrar o contrário e, por isso, apesar de serem considerados inocentes nos Estados Unidos são perseguidos pela Justiça brasileira como principais culpados da tragédia.Após as duas audiências,o juiz Murilo Mendes afirmou estar em condição de pronunciar a sentença,que é esperada para dentro de 30 dias.

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