domingo, 17 de abril de 2011

A LONGA ESPERA

Os meses passam, os anos passam. Os aposentados esperam, se a saúde os ajuda .Ou participam de manifestações, para lembrar às autoridades que eles ainda existem.Ou que existiram, pagaram sua contribuição,acreditaram na força da lei,acreditaram nas promessas recebidas.Mas estão perdendo gás.
A cada manifestação há a confirmação de que suas esperanças estão enfraquecendo.
Alguém escreveu que em situações de quase desespero os homens se parecem com os peixes: se debatem, lutam por instinto.Às vezes,raras vezes , seu desespero se transforma não somente em esperança, mas na realidade tão aguardada.
Há muitos aposentados do Aerus que ainda não entregaram seus destinos, o seu futuro de idosos, à cruel insensibilidade oficial da burocracia.Aquela que exige a prisão de quem rouba um pão, mas nada faz quando é o Estado que rouba dos cidadãos esse mesmo pão de cada dia .
Isso se viu nas pálidas manifestações organizadas no dia 12, para divulgar mais uma vez- após outro ano de espera inútil -o desconforto de alguns milhares pela injustiça que estão sofrendo.
Tortuosos e as vezes incompreensíveis são os caminhos seguidos pela Justiça. Ela transfere a aplicação de penas a parlamentares réus de ações criminosas, aceita pressões conjunturais ao dar a precedência a julgamentos de natureza política, mas parece evidenciar seus receios quando se trata de decidir sobre questões que poderão obrigar a União a pagar aos contribuintes valores elevados. Fala-se insistentemente em interesse público, muito menos em interesses privados e surgem dúvidas sobre as prioridades dadas aos julgamentos.Não existem prazos, mas ao redigir a sua agenda o Supremo Tribunal Federal  gradua a importância maior de um ou outro processo. E existem questões que rolam há anos, apesar de terem importância bem maior do que o julgamento de Cesare Battisti, ex-terrorista reclamado pela Justiça italiana, ou das indenizações necessárias à sobrevivência da maioria dos milhares de aposentados do Aerus.
Entramos, portanto, em pleno clima de incertezas. A ação que parecia ter encontrado o trilho certo para chegar à esperada conclusão, está tropeçando em obstáculos invisíveis. E se não fosse o apoio que recebe de senadores amigos - oficializado nas várias comissões que examinaram e aprovaram o precioso documento do  senador Paim - poderia de ante-mão ser dada por perdida. Mas a sua validade tem um prazo curto, mais importante daquele porventura fixado pelos juízes: de fato ele já acabou, num cruel rodízio do destino, para cada aposentado das centenas que já faleceram.

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