Carlos Heitor Cony é um escritor consagrado, cujo nome aparece também na imprensa. Ele ama escrever crônicas inteligentes, como aquela publicada na Folha de S.Paulo de terça-feira passada sob o título "Ponte Aérea". Nela ele conta inicialmente o caso de um cidadão servo-croata que passou horas detido no aeroporto do Galeão, depois que ao passar pelo detector de metais "apitou por todos os poros".Meses antes ela havia caído nas escadas de acesso ao Cristo do Corcovado,que pretendia visitar, quebrando o fêmur e precisando colocar nele grampos metálicos.
"Sem falar português, escreve Cony, foi levado para uma sala,despido e pesquisado.Convocaram uns cães que farejaram o cara de alto a baixo. Mais sofreria se um policial que fizera um curso não sei onde,não entendesse o que ele tentava explicar."
O autor declara a seguir que não gosta nem confia dos detectores de metal, que apitam contra ele para denunciar a presença do isqueiro,das chaves,de algumas moedas .Em particular, um pente com uma parte metálica, que comprou há anos em Toledo "as vezes apita,as vezes não.Outro dia,no aeroporto de Roma, acrescenta, ele apitou com estridência - o que me valeu severa inspeção.Temi que chamassem os cães para me farejar." Mas admite que quando ele apita viaja tranquilo, pois significa que o detector cumpriu sua missão: "O diabo é quando ele não apita, acrescenta,se não me denunciou deve ter dado bobeira com outros passageiros."
Após declarar que durante as viagens está cheios de receios, tudo olhando fora e dentro da cabine do avião e até fiscalizando os companheiros de bordo, encerra ironicamente o conto com este episódio : "Numa viagem da ponte aérea, o cidadão ao meu lado abriu sua pasta e dela caiu uma peixeira, daquelas fininhas e compridas, que Lampião usava na cintura."
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