quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

REVELAÇÕES DO WIKILEAKS SOBRE O DRAMA DA VARIG (2)

No blog de sabado passado apresentamos alguns comentários de diplomatas americanos ,em serviço na Embaixada em Brasília, sobre a "caso Varig", que foram enviados ao ministério das Relações Exteriores de Washington. Alguns deles revelam pouco interesse, mas depois preocupação, do presidente Lula em encontrar uma formula para resolver os problemas financeiros da empresa. E é reportada uma consideração demagógica que teria circulado na época , afirmando que um  governo supostamente de esquerda não deveria se preocupar em salvar um  serviço aéreo utilizado em maioria pelos "ricos", sem antes resolver problemas relacionados com outros meios de transportes mais "populares".Nenhuma das revelações que Julian Assange levou ao conhecimento mundial foi desmentida, mas bancos e cartões de crédito tudo fizeram para calar o Wikileaks, e continuam ameaçando de prisão o seu responsável, se e quando for extraditado para os EUA.
Nesta segundo extrato dos conteúdos confidenciais de  mensagens diplomáticas, tem destaque a revelação feita pelo embaixador John Danilovich, que teria obtido no Planalto a informação de que o ex-presidente Lula teria "prolongado a agonia da Varig" por quase dois anos, temeroso de que se ela falisse o fato poderia ter repercussão negativa na sua re-eleição de 2006. Nas mensagens predomina também a preocupação dos diplomatas para proteger os interesses das empresas americanas que alugavam aeronaves à Varig, quais a ILFC, a GE e a Boeing. Outras criticas dos embaixadores focavam as contradições do governo brasileiro, que enquanto de um lado não queria ajudar, do outro postergava a decisão final, apelando para que a Petrobras e a Infraero continuassem prestando serviços à aérea, apesar dela estar sempre mais atrasada nos pagamentos.
Outra revelação importante,feita pelo embaixador Danilovich , envolve o vice-presidente Alencar, que em 2004  lhe teria confidenciado que estava sendo estudada a possibilidade de entregar a parte "boa" da Varig à Gol e/ou à Tam. Isso salvaria as operações internacionais sem afetar nome e prestígio da Varig. Três anos mais tarde, em 2007, a aérea foi repassada à Gol por mais de 300 milhões pelo fundo americano Matlin Patterson, que a havia adquirido em leão por menos de 10% desse valor.O governo - na conversa de Alencar - admitiu saber que Tam e Gol não estavam em condição de operarem com eficiência todas as rotas da Varig, mas esperava que em dois ou três anos a situação melhoraria. (Mas pouco mudou, como demonstrou a Gol ,quando decidiu encerrar as rotas européia adquiridas, após perder vários milhões, n.d. redator). Antes desses acontecimentos, o mesmo embaixador havia sido procurado por David Zylbersztajn  e Omar Carneiro da Cunha,do conselho de administração da aérea ,para que tentasse impedir que a ILFC retomasse as aeronaves alugadas, mas nada conseguiu e por esse motivo em 17 de junho de 2005 a Varig entrou no processo de recuperação judicial, que a protegeu do arresto dos aviões. Zylbersztajin era ex-genro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e sua nomeação teria "precipitado" o fim da empresa.
Semana que vem, outras revelações diplomáticas concluirão a parte que o site WikiLeaks dedicou à Varig.

Um comentário:

  1. A revelação de centenas de milhares de mensagens confidenciais enviadas por embaixadores a seus governos - predominando o dos EUA - criaram problemas de relacionamento entre os envolvidos.
    E jogaram uma pá de cal sobre a difícil arte da diplomacia.

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