Os EUA conseguiram apagar em parte o clamor em volta das revelações feitas pelo site WikiLeaks com a divulgação de mensagens confidenciais de seus diplomatas sobre negócios internos de vários países.As pressões sobre jornais , bancos, cartões de crédito, criaram dificuldades para o corajoso jornalista que conseguiu reunir e entregar a jornais selecionados cerca de 250 mil dessas mensagens , de autoria também de personagens de outros países. E a publicação dos textos continua, enquanto se tenta incriminar o autor de um dos mais brilhantes furos jornalísticos de todos os tempos.
Semana passada foi a vez das informações diplomáticas que acompanharam o desenvolvimento do drama que levou a Varig , praticamente, à falência.Da leitura desses textos, pode se deduzir que a impressão geral era que o presidente Lula "não pensava nem desejava montar um plano de salvamento para a aérea", mas que acabou apostando na possibilidade de que surgisse uma solução de mercado e, a seguir, ficou preocupado pelo fato que o fechamento da Varig colocaria na rua cerca de20 mil funcionários e passou a apoiar a procura de "uma saída pela iniciativa privada". Mas as conveniências políticas o desviaram dessa linha de ação, merecendo as críticas de diplomatas americanos, em 13 telegramas emitidos entre 2004 e 2006 e enviados ao Departamento de Estado.Entre as razões da atitude omissa do Planalto, um ministro conselheiro da Embaixada, Philips Chicola, citou um argumento puramente retórico,reportando esta pergunta que teria circulado em Brasília : "Porque um governo dirigido por um presidente de partido trabalhista deveria subsidiar uma empresa mal administrada que serve à elite (os pobres não tem dinheiro suficiente para voar), enquanto não subsidia outros meios de transportes mais usados pelos trabalhadores, como os ônibus e o metrô ?"
Há muitas outras revelações diplomáticas e interpretações de embaixadores sobre os acontecimentos dos anos finais da Varig, que divulgaremos neste blog em mais dois capítulos.Seu descobrimento faz parte de
uma história na qual a mistura de fatores negativos,como lutas internas, desonestidade, interferências políticas e gravidade da situação financeira criaram o trampolim ideal para lançar no abismo a maior empresa aérea que o Brasil teve em todos os tempos.
É notório que a função das embaixadas consiste em captar e divulgar a seus governos informações obtidas de fortes não reveladas. Nem sempre são totalmente verdadeiras ou valem mais de uma simples fofoca.Em todo caso, a sua divulgação na imprensa pode interferir no bom relacionamento entre os países envolvidos.
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