Há algo em comum entre a tragédia do Titanic e a bem mais recente,ocorrida em 31 de maio de 2009, na qual desapareceram no Atlántico 228 passageiros do voo Air France cujo destino era Paris.Além das circunstâncias dramáticas - em ambas havia quase exclusivamente turistas, em ambas o sepulcro foi o Oceano, seu desaparecimento emocionou o mundo e a procura dos cascos motivou buscas longas e difíceis - agora um novo elemento comum se acrescenta à longa história da busca do AF 447 : na nova tentativa , que está para ter início nas proximidades do arquipélago de Fernando de Noronha, serão utilizados três Remus 6000, pequenos submarinos do mesmo modelo empregado para recuperar os destroços do transatlântico, que foi localizado em 1985 pela mesma empresa, a WHO (Woods Hole Oceanographic), que atualmente procura as caixas pretas do avião numa área de dez mil quilômetros quadrados.
Se trata de uma nova missão,a quarta após os fracassos das anteriores, de extremo interesse para os parentes das vítimas (59 delas eram brasileiros), para a Air France e para Airbus. Os familiares estão ansiosos de conhecer as circunstâncias do acidente, que está sendo atribuído a uma falha no sistema de controle da velocidade da aeronave : se a versão for confirmada, a responsabilidade maior cairia sobre a empresa aérea, que não teria efetuado a troca do sistema apesar da sugestão recebida da Airbus.
Nada menos de 31 tripulantes e técnicos de nacionalidades diversas, se encontram a bordo do navio Alucia que comanda a expedição, com a previsão de permanecer nas águas do Atlântico por até quatro meses.Os técnicos estarão coordenando as buscas dos submarinos, dotados de instrumentos de alta sensibilidade para rastrear pequenos objetos a grandes distâncias, apesar do terreno do fundo do Oceano ser composto de rochas de tamanho bastante elevado.
Se as caixa- pretas forem encontradas, além da grande dúvida sobre o mau funcionamento do sistema de controle da velocidade, que teria levado os pilotos da aeronave a executar manobras erradas, serão conhecidos os comentários dramáticos provavelmente registrados na cabine de comando nos últimos minutos antes da tragédia. Air France e Airbus investiram cerca de 20 milhões de reais nesta nova missão, em primeiro lugar visando determinar as responsabilidades, pois o resultado poderá alterar a sentença que as indiciou por homicídio culposo, além de possibilitar que o valor das indenizações aos familiares seja de uma vez estabelecido judicialmente.
Antes de deixar o Porto de Suape, numa viagem de dois dias até a área do arquipélago onde serão efetuadas as buscas, os especialistas franceses, alemães e americanos a bordo se declararam confiantes de que,desta vez, tendo a disposição os melhores equipamentos e agindo na área onde partes da aeronave teriam de fato desaparecidos ( e com elas as caixas-pretas), existem possibilidades reais de sucesso da nova missão, que sem dúvida será também a última.
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