Faltando apenas um dia para o presidente Lula encerrar o seu mandato, governo e políticos da Itália lembraram que competiria a ele decidir já o caso de Cesare Battisti. Num clima agitado , a pergunta do dia era : Lula concederá ao detento a extradição,e o entregará assim á justiça italiana, que já o havia condenado?
A imprensa italiana lembrou na quinta-feira que em 21 de dezembro, o sub-secretário Letta havia convocado o embaixador do Brasil em Roma, José Viega Filho, para ser informado sobre a data provável da decisão do governo e se havia alguma previsão relacionada com o teor do parecer que o presidente Lula havia recebido sobre a questão dos advogados da AGU e que ele se propunha de cumprir.Parece que o premier Berlusconi, de acordo com declarações que a imprensa italiana atribui ao senador Eduardo Suplicy, teria afirmado que atendia a decisão de Lula "sem ter a intenção de criar polêmicas com o Brasil no caso que o presidente brasileiro recusasse a extradição".Outra seria a posição de Berlusconi,a favor da devolução de Battisti á justiça italiana, segundo um comunicado da presidência do Conselho do governo.
Em outro tom,o ministro do Exterior da Itália, Franco Frattini, há dias lembrou a existência de "um tratado bilateral de extradição", dando a entender que havia grande expectativa de parte do governo italiano, relacionada com o cumprimento desse tratado.Ainda mais explicito foi o ministro da Defesa, Ignazio La Russa,que numa entrevista concedida ao jornal "Corriere della Sera" afirmou estar decidido a apoiar "iniciativas de boicote ao Brasil, se for negada a extradição de Battisti ",ex integrante dos Proletari Armati para o Comunismo,PAC,, já condenado em Itália sob a imputação de quatro omicídios ocorridos nos anos '70.
O ministro acrescentou que a negação da extradição teria "consequenze", pois seria "um grande ferimento nas relações bilaterais" assim como "falta de coragem, pois ele vai embora mas o Brasil fica".
Mais objetivos os dirigentes do Partido Democrático, de oposição ao governo, apelaram com uma mensagem a Lula para que ele "como homem de esquerda" entenda que além dos direitos universais dos homens há um fato histórico, pois Battisti "semeou morte,dor e sofrimentos" sendo uma decisão contrária à sua extradição em profundo "contraste com os princípios fundamentais de direito e de justiça".Outro partido de oposição, L'Italia dei Valori considera também a concessão da extradição como a "ùnica escolha possível,correta e compreensível, por "respeito à dor dos familiares das vitimas".
A polêmica que desde ontem agita políticos governistas e da oposição na Itália,concordes em maioria na exigência de que Cesare Battisti deve se extraditado pelo Brasil, é sem dúvida o último grave problema que deve ser enfrentado pelo presidente Lula, tendo ele se comprometido a resolve-lo antes de deixar o governo.
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